Ozires Silva

O homem que deu asas ao Brasil
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Poucas pessoas fizeram o Brasil voar tão alto quanto Ozires Silva. Seguindo a rota de inovação aberta por Alberto Santos Dumont e bem estruturada por Casimiro Montenegro Filho, Ozires tornou realidade o sonho de se projetar e construir aeronaves no Brasil para comercializá-las mundo afora. Com persistência, humildade e um grande senso de serviço, a despeito de todas as descrenças e obstáculos, soube inspirar um grupo de pioneiros rumo a um primeiro voo bem sucedido, para em seguida inspirar milhares de colaboradores rumo a uma empresa bem sucedida, até tornar-se um símbolo capaz de inspirar milhares na realização de “sonhos enormes”.

“Por que o país de Santos Dumont não fabrica aviões?”

Em 1946, com a mente fervilhando de ideias por causa das aulas de aeromodelismo que tinham no Aeroclube de Bauru, sob a tutela do engenheiro suíço Heinrich Kurt, Ozires e Zico passavam horas num banco de praça, apelidado por eles de “Escritório”, discutindo o assunto.

“Foi ali que tudo começou! Éramos dois, Zico e eu. Aprendi muito com ele, no amor comum que nos unia, a aviação.”

Cadetes da Força Aérea

Ozires e Zico crescem alimentando o sonho de trabalhar com aviões. Como ainda não havia escola de engenharia aeronáutica no país, em 1948, os dois ingressam juntos na Escola Preparatória da Aeronáutica, vinculada à Força Aérea Brasileira (FAB).

Quatro anos mais tarde, recebem o brevê militar. Em 19 de Agosto de 1949, Ozires realiza seu primeiro voo solo na Escola da Aeronáutica, pilotando um T-19 da americana Fairchild Company.

Em 12 de Dezembro de 1951, Ozires recebe seu brevê militar (se forma na Escola da Aeronáutica).

Servindo na Amazônia

Em 1952, Ozires ingressa voluntariamente no 1º/2º Grupo de Aviação, em Belém do Pará, de onde voa aviões anfíbios (PBY Catalina) que auxiliavam o povo ribeirinho e comunidades indígenas da Amazônia. Zico se junta ao 1º Grupo de Aviação de Caça, em Santa Cruz, Rio de Janeiro.

“Neste período nosso grupo aprendeu bastante e houveuma mudança na razão de viver em casa um de nós. Foiuma escola de Brasil!"

Do sonho à premonição

O trabalho nos Rio da Amazônia é muito bem reconhecido e, em 1955, Ozires é chamado ao Correio Aéreo Nacional, no Rio de Janeiro, posto de grande prestígio. Atua no Campo dos Affonsos, em Marechal Hermes, no 2º Grupo de Transportes, encontrando com mais frequência seu amigo de infância, Zico. Num desses encontros, Zico revelou a Ozires um sonho perturbador que havia tido.

“No sonho, ele estava num avião e teve a visão clara de que havia um caixão no meio do mesmo. Um de nós dois estava levando o outro morto para Bauru… Eu levei um susto e perguntei: ‘Quem de nós?’. Zico respondeu que não sabia”.

Uma semana depois, uma aeronave C-47 da FAB buscou Ozires. Ela carregava o caixão do amigo Zico, que sofrera um acidente aéreo em missão a bordo de uma caça Gloster Meteor. Ele tinha apenas 25 anos. Ozires acreditou enterrar junto com o amigo o sonho de criar aeronaves no Brasil.

“O engenheiro mais aeronáutico”

Após a morte de Zico, no período de 1955 a 1958, Ozires se dedicou exclusivamente a ser Oficial de Aeronáutica. "Saía de manhã, voava, pousava à tarde, ia para casa. No dia seguinte, a mesma coisa”. Até que foi acordado de madrugada para realizar um voo não planejado.

Nesse voo, tomou conhecimento do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), escola de engenharia criada pelo Brigadeiro Casimiro Montenegro Filho em São José dos Campos-SP. Emocionado, pensou: “Isso é coisa do Zico”.

“Eu me senti outro. Subi naquele avião como aviador e desci dele como engenheiro. Sempre com o Zico na cabeça.”

Ozires ingressa no ITA em 1959 e se forma em 1962, aos 31 anos. Mesmo sendo mais velho que a maioria dos alunos, tornou-se o melhor da turma, recebendo uma medalha de ouro do reitor na sua cerimônia de formatura, que o chamou de “engenheiro mais aeronáutico que o ITA já formou”.

Seu trabalho de conclusão de curso foi a modificação de projeto de asa do T-6 da FAB para receber tanques extras na ponta das asas. Ele mesmo performou o voo de teste da aeronave modificada.

O Brigadeiro Casimiro Montenegro, então, o indicou para o Departamento de Aeronaves do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento, no Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), onde Ozires lideraria o desenvolvimento do projeto IPD-6504 (futuro Bandeirante).

“Estava com a qualificação certa, no momento certo e no local certo.”

O Bandeirante dos Ares

Ozires passa a liderar o Departamento de Aeronaves do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), onde sentiu crescer o desejo de produzir um avião genuinamente nacional. Analisando as antigas iniciativas nacionais no setor, entendeu que o sucesso dependeria de uma aeronave não só tecnicamente perfeita, mas também alinhada às demandas e necessidades do mercado global.

Em 1965, conduziu o desenvolvimento de um avião turbo hélice destinado essencialmente ao transporte aéreo regional, modalidade que fora preterida pela indústria após a criação dos jatos.

Em 1966, iniciou-se a produção do protótipo do IPD-6504, posteriormente denominado Bandeirante. Os mais diversos empecilhos se impuseram à concretização do projeto, desde a falta de recursos à descrença de muitas pessoas, dentro e fora da Aeronáutica.

Mas o ano de 1968 ficaria marcado por guardar em sua história o primeiro voo do Bandeirante, no dia 22 de outubro.

O Nevoeiro

Apesar do Bandeirante voar com sucesso, não havia nenhum investidor disposto a apostar no sonho de uma indústria aeronáutica nacional.

Porém, num domingo de 1969, um forte nevoeiro forçou o fechamento do aeroporto de Guaratinguetá (SP), e o avião do então presidente da República, Arthur da Costa e Silva, fez um pouso não programado em São José dos Campos (SP), na frente do hangar do Bandeirante. Ozires Silva foi acionado para recepcioná-lo, já que as principais autoridades locais aguardavam o chefe de estado no aeroporto da cidade vizinha.

“A maior autoridade do país, que poderia resolver o problema de nossa futura empresa, estaria ali em pessoa, ao meudispor, sem gabinetes, sem protocolos.”

Ozires apresentou a aeronave ao Presidente e aproveitou a chance única para convencer Costa e Silva da oportunidade de fundar uma sociedade de economia mista que viabilizasse uma fabricante de aviões no Brasil.

No dia 19 de agosto do mesmo ano, o decreto 770, publicado no Diário Oficial, formalizou a criação da Embraer para a fabricação de 80 unidades do Bandeirante, e oficializou Ozires como o primeiro diretor-superintendente.

Neste período, a primeira unidade Embraer dos Estados Unidos foi inaugurada em Fort Lauderdale, Flórida. A indústria aeronáutica brasileira se consolidava, presidida por um de seus maiores idealizadores.

Em 1986, porém, Ozires não pode mais recusar o insistente pedido presidencial para assumira Petrobras. Quatro anos depois, assumiria o Ministério da Infraestrutura. Já no ano seguinte, em 1991, voltaria à Embraer para conduzir – com sucesso – o necessário processo de privatização da empresa, que se prolongou até 1994.

Para voltar a crescer

No início dos anos 90, a Embraer estava cercada de diversas dificuldades provocadas pela crise econômica mundial. Em 1991, Ozires retornou à companhia com o objetivo de conduzi-la a um processo de privatização, única solução para sua sobrevivência no longo prazo.

Após 1.152 dias de muita mobilização dentro e fora da empresa, Ozires celebrou, em 7 de dezembro de 1994, a privatização da Embraer.

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Concluído o processo de privatização, Ozires deixa a presidência da Embraer. A semente do sucesso já estava plantada. Nos anos seguintes, a Embraer se tornaria a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo e uma das mais importantes empresas do mercado de aviação e de defesa e segurança.

Nas asas da educação

Nas décadas que se seguiram, Ozires se tornou uma voz ativa no país em prol da educação, escrevendo diversos livros e artigos sobre o tema e sendo, de 2006 a 2008, reitor da UNISA (Universidade de Santo Amaro) e, em 2008, reitor da Unimonte (Centro Universitário MonteSerrat). Ozires empresta ainda seu nome a um dos mais importantes prêmios de inovação e empreendedorismo sustentável do Brasil.

Sempre presente

Seu interesse e sua generosidade pela empresa que ajudou a criar o mantiveram sempre próximo à Embraer, seja como voz ativa em sua promoção no país e no mundo, seja inspirando constantemente seus colaboradores a sonharem enorme e a vencerem todos os desafios.

Celebração

Ozires Silva foi sempre presença marcante nas grandes comemorações históricas da empresa, como os 50 anos do Primeiro Voo do Bandeirante e os 50 anos da Embraer. Ovacionado pelo público, Ozires Silva emocionou e incentivou os filhos da aviação nacional com muitos de seus discursos inspiradores.

“Temos novos desafios agora. Vocês são grandes, são muito maiores e capazes do que podem imaginar. E essa capacidade tem que ser extrapolada, porque o mundo não está nos esperando, mas nós vamos ao encontro do mundo para sairmos como vencedores.”

Homenagens e Honrarias

Ozires Silva é um dos brasileiros mais homenageados da história, no Brasil e no exterior. Entre inúmeras condecorações e honrarias colecionadas ao longo da vida, desde o título de doutor Honoris Causa da Queen's University da Irlanda à imortalização do nome no Hall da Fama do Instituto Smithsonian, em Washington D.C.

Em janeiro de 2021, Ozires se tornou o primeiro brasileiro a receber a medalha Guggenheim, uma das mais significativas condecorações internacionais de engenharia aeronáutica do mundo.

Em setembro de 2017, a Embraer batizou um protótipo do E190-E2 com seu nome, estampado nas laterais da aeronave.

O Voo do Impossível

Em 8 de Janeiro de 2021, dia em que Ozires Silva completava 90 anos, a Embraer divulgou um curta metragem de animação resumindo em 14 minutos toda a cativante história de sonhos e ousadia de seu fundador.

Ozires Silva, eternamente

Ozires Silva embarcou para o voo mais alto da sua história, deixando ao seu país um legado imensurável. Se em sua infância ele se incomodava por não avistar aeronaves brasileiras no céu, hoje não podemos dizer o mesmo.

A indústria aeronáutica brasileira tornou- se uma referência global, graças aos sonhos enormes, à persistência e aos esforços empreendidos por ele e por todos aqueles que trabalharam sob sua liderança inspiradora.

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